Le migliori poesie inserite da Desafinado64

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Scritta da: Desafinado64

Uma alegria para sempre

As coisas que não conseguem ser
olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Sò no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo – tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi sò tua e, esta, ela
jamais a poderà passar de ti para ninguém.
Hà bens inalienáveis, hà certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto
deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, hà cento e muitos anos, um poeta
inglês que não conseguiu morrer. "

Un'allegria per sempre

Le cose che non riescono ad essere
dimenticate continuano a succedere.
Le sentiamo come la prima volta,
le sentiamo fuori dal tempo,
in quel mondo del sempre dove
le date non datano. Solo nel mondo del mai
esistono lapidi. Che importa, dopotutto,
che" lei" sia partita,
sposata, cambiata, scomparsa, abbia dimenticato,
ti abbia ingannato, o qualunque altra cosa
che ti abbia fatto, insomma? Hai avuto una parte
della sua vita che è stata solo tua, e, questa, lei
non potrà mai passarla da te a nessun altro.
Ci sono beni inalienabili, ci sono momenti che,
al contrario di quel che pensi,
fanno parte della tua vita presente
e non del tuo passato. E si aprono nel tuo
sorriso anche quando, dimentico di loro,
starai sorridendo ad altre cose.
Ah, non cercare neanche di sapere
quanto devi all'ingrata creatura...
A thing of beauty is a joy for ever,
disse, cento e molti anni fa, un poeta
inglese che non riuscì a morire.

1. John Keats.
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    Scritta da: Desafinado64

    O amor, quando se revela

    O amor, quando se revela,
    Não se sabe revelar.
    Sabe bem olhar p'ra ela,
    Mas não lhe sabe falar.

    Quem quer dizer o que sente
    Não sabe o que há-de dizer.
    Fala: parece que mente...
    Cala: parece esquecer...

    Ah, mas se ela adivinhasse,
    Se pudesse ouvir o olhar,
    E se um olhar lhe bastasse
    P'ra saber que a estão a amar!

    Mas quem sente muito, cala;
    Quem quer dizer quanto sente
    Fica sem alma nem fala,
    Fica sò, inteiramente!

    Mas se isto puder contar-lhe
    O que não lhe ouso contar,
    Jà não terei que falar-lhe
    Porque lhe estou a falar...

    L'amore, quando si rivela,
    Non si sa rivelare.
    Sa bene guardare lei,
    Ma non le sa parlare.

    Chi vuol dire quel che sente
    Non sa quel che deve dire.
    Parla: sembra mentire...
    Tace: sembra dimenticare...

    Ah, ma se lei indovinasse,
    Se potesse udire lo sguardo,
    E se uno sguardo le bastasse
    Per sapere che stanno amandola!

    Ma chi sente molto, tace;
    Chi vuol dire quello che sente
    Resta senz'anima né parola,
    Resta solo, completamente!

    Ma se questo potesse raccontarle
    Quel che non oso raccontarle,
    Non dovrò più parlarle,
    Perché le sto parlando...
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      Scritta da: Desafinado64

      Oiço, como se o cheiro

      Oiço, como se o cheiro
      De flores me acordasse...
      È música — um canteiro
      De influência e disfarce.

      Impalpável lembrança,
      Sorriso de ninguém,
      Com aquela esperança
      Que nem esperança tem...

      Que importa, se sentir
      È não se conhecer?
      Oiço, e sinto sorrir
      O que em mim nada quer.

      Odo, come se il profumo
      Di fiori mi svegliasse...
      È musica — un aiuola
      Di influenza e finzione.

      Impalpabile ricordo,
      Sorriso di nessuno,
      Con quella speranza
      Che neanche ha speranza...

      Che importa, se sentire
      È non conoscersi?
      Odo, e sento sorridere
      Quel che in me niente vuole.
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        Scritta da: Desafinado64

        O silêncio

        Há um grande silêncio que está sempre à escuta...

        E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa,
        qualquer coisa, seja o que for,
        desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove
        até a tua dúvida metafísica, Hamleto!

        E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
        o silencio escuta...
        e cala.

        IL SILENZIO

        C'è un grande silenzio che è sempre in ascolto...

        Per questo ci mettiamo a dire inquietamente una cosa qualsiasi,
        una cosa qualsiasi, qualunque sia,
        dal dubbio triviale se pioverà o no
        fino al tuo dubbio metafisico, Amleto!

        E per tutto il sempre, mentre la gente parla, parla, parla...
        il silenzio ascolta...
        e tace.
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          Scritta da: Desafinado64

          Teu nome ignoro. Teu perfil deslembro

          Teu nome ignoro. Teu perfil deslembro.
          Tuas palavras esqueci.
          Era manhã, nevoeiro, era Dezembro,
          Quando te achei e te perdi.
          Sonho ou relembro?

          Não sei. Era manhã e o nevoeiro
          Envolvia o que havia e o que eu pensava,
          Como um falso refúgio derradeiro
          Do que em parte nenhuma estava.
          Sonho, prolixo e inteiro,

          Mas se, nas teclas tua mão errar,
          Assim, despida de ser tua, sei
          Que talvez poderia achar
          Entre o que não pude encontrar
          Aquilo que não acharei.

          Il tuo nome ignoro. Il tuo profilo non ricordo.
          Le tue parole dimenticai.
          Era mattina, nebbia, era Dicembre,
          Quando ti trovai e ti persi.
          Sogno o rammento?

          Non so. Era mattina e la nebbia
          Nascondeva quello che c'era e quello che pensavo
          Come un falso estremo rifugio
          In nessuna parte del quale io stavo.
          Sogno, prolisso e intero,

          Ma, se tra i tasti la tua mano vagasse,
          Così, spogliata dell'esser tua, io so
          Che forse potrei trovare
          Tra quello che non ho potuto incontrare
          Quello che non troverò.
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            Scritta da: Desafinado64

            O que vocês não sabem e nem imaginam

            Vocês não sabem
            mas todas as manhãs me preparo
            para ser, de novo, aquele homem.
            Arrumo as aflições, as carências,
            as poucas alegrias do que ainda sou capaz de rir,
            o vinagre para as mágoas
            e o cansaço que usarei
            mais para o fim da tarde.
            À hora do costume,
            estou no meu respeitoso emprego:
            o de Secretário de Informação e de Relações
            [Públicas.
            Aturo pacientemente os colegas,
            felizes em seus ostentosos cargos,
            em suas mesas repletas de ofícios,
            os ares importantes dos chefes
            meticulosamente empacotados em seus fatos,
            a lenta e indiferente preguiça do tempo.
            Todas as manhãs tudo se repete.
            O poeta Eduardo White se despede de mim
            à porta de casa,
            agradece-me o esforço que è mantê-lo,
            alimentado, vestido e bebido
            (ele sem mover palha)
            me lembra o pão que devo trazer,
            os rebuçados para prendar o Sandro,
            o sorriso luzidio e feliz para a Olga,
            e alguma disposição da que me reste
            para os amigos que, mais logo,
            possam eventualmente aparecer.
            Depois, ao fim da tarde,
            jà com as obrigações cumpridas,
            rumo a casa.
            À porta me esperam
            a mulher, o filho e o poeta.
            A todos cumprimento de igual modo.
            Um largo sorriso no rosto,
            um expresso cansaço nos olhos,
            para que de mim se apiedem
            e se esmerem no respeito,
            e aquele costumeiro morro de fome.
            Então à mesa, religiosamente comemos os quatro
            o jantar de três
            (que o poeta inconsta
            na ficha do agregado).
            Fingidamente satisfeito ensaio
            um largo bocejo
            e do homem me dispo.
            Chamo pela Olga para que o pendure,
            junto ao resto da roupa,
            com aquele jeito que sò ela tem
            de o encabidar sem o amarrotar.
            O poeta, visto depois
            e è com ele que amo,
            escrevo versos
            e faço filhos.

            Voi non lo sapete,
            ma tutte le mattine mi preparo
            per essere, di nuovo, quell'uomo.
            Rassetto le afflizioni, le mancanze,
            le poche gioie di cui ancora riesco a ridere,
            l'aceto per i dispiaceri
            e la stanchezza che userò
            più verso sera.
            All'ora abituale,
            sono nel mio decoroso impiego:
            Segretario per le Informazioni e i Rapporti col Pubblico.
            Tollero con pazienza i colleghi,
            felici dei loro pomposi incarichi,
            delle scrivanie piene di documenti,
            le arie d'importanza dei capi,
            meticolosamente impacchettati nei loro abiti,
            la lenta e indifferente pigrizia del tempo.
            Ogni mattina tutto si ripete.
            Il poeta Eduardo White si accomiata da me
            sulla soglia di casa,
            mi ringrazia della fatica che è mantenerlo,
            dargli da mangiare, da bere e da vestire
            (senza che lui muova un dito),
            mi ricorda di portare il pane,
            le caramelle da regalare a Sandro,
            il sorriso brillante e felice per Olga
            e di badare che resti qualcosa
            per gli amici che, più tardi,
            potrebbero venire a visitarmi.
            Poi, verso sera,
            con i miei doveri già compiuti,
            torno verso casa.
            Alla porta mi aspettano
            la donna, il figlio e il poeta.
            Saluto tutti allo stesso modo.
            Un largo sorriso nel volto,
            un'evidente stanchezza negli occhi,
            perché si impietosiscano di me
            e ancora meglio mi rispettino,
            e quel mio solito "Muoio di fame".
            Poi a tavola, religiosamente mangiamo tutti e quattro
            la cena di tre
            (ché il poeta non risulta
            nello stato di famiglia).
            Fintamente soddisfatto tento
            un largo sbadiglio
            e dell'uomo mi svesto.
            Chiamo Olga perché lo appenda,
            vicino all'altra roba,
            con quel modo che solo lei ha
            di metterlo sulla gruccia senza sgualcirlo.
            Dopo, vesto il poeta,
            ed è con lui che amo,
            scrivo versi
            e faccio figli.
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              Scritta da: Desafinado64

              Quem sonha mais?

              Chi sogna di più, mi dirai —
              Colui che vede il mondo convenuto
              O chi si perse in sogni?

              Che cosa è vero? Cosa sarà di più—
              La bugia che c'è nella realtà
              O la bugia che si trova nei sogni?

              Chi è più distante dalla verità —
              Chi vede la verità in ombra
              O chi vede il sogno illuminato?

              La persona che è un buon commensale, o questa?
              Quella che si sente un estraneo nella festa?
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                Scritta da: Desafinado64

                O que Me Dói não è

                O que me dói não è
                O que hà no coração
                Mas essas coisas lindas
                Que nunca existirão...

                São as formas sem forma
                Que passam sem que a dor
                As possa conhecer
                Ou as sonhar o amor.

                São como se a tristeza
                Fosse árvore e, uma a uma,
                Caíssem suas folhas
                Entre o vestígio e a bruma.




                Quel che mi duole non è
                Quello che c'è nel cuore
                Ma quelle cose belle
                Che mai esisteranno.

                Sono le forme senza forma
                Che passano senza che il dolore
                Le possa conoscere,
                O sognarle l'amore.

                Come se la tristezza
                Fosse albero e, una ad una,
                Le sue foglie cadessero
                Tra il sentiero e la bruma.
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                  Scritta da: Desafinado64

                  A árvore dos poemas / L'albero delle poesie

                  Quando a árvore dos poemas não dà poemas,
                  Seus galhos se contorcem todos como mãos de enterrados vivos,
                  Os galhos desnudos, ressecos, sem o perdão de Deus!
                  E, depois, meu Deus, essa lenta procissão de almas retirantes...
                  De vez em quando uma tomba, exausta à beira do caminho,
                  Porque ninguém lhe chega ao lábio o frescor de cântaro,
                  a doçura de fruto que poderia haver num poema.
                  Maldita a geração sem poetas que deixa as almas seguirem
                  seguirem como animais em estúpida migração!
                  Quando a árvore dos poemas não dà poemas,
                  Qual serà o destino das almas?

                  Quando l'albero delle poesie non dà poesie,
                  I suoi rami si contorcono tutti, come le mani
                  di sepolti vivi,
                  Rami nudi, rinsecchiti, senza il perdono
                  di Dio!
                  E poi, mio Dio, quella lenta processione di anime
                  emigranti...
                  Di tanto in tanto una cade, sfinita, sul ciglio
                  della strada,
                  Perché nessuno le reca al labbro la frescura di
                  brocca d'acqua,
                  La dolcezza di frutto che potrebbe esserci in una poesia.
                  Maledetta generazione senza poeti che lascia
                  le anime incamminarsi,
                  Incamminarsi come animali in stupida migrazione!
                  Quando l'albero delle poesie non dà poesie,
                  Quale sarà il destino delle anime?
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                    Scritta da: Desafinado64

                    Quando era jovem, eu a mim dizia

                    Quando era jovem, eu a mim dizia:
                    Como passam os dias, dia a dia,
                    E nada conseguido ou intentado!
                    Mais velho, digo, com igual enfado:
                    Como, dia após dia, os dias vão,
                    Sem nada feito e nada na intenção!
                    Assim, naturalmente, envelhecido,
                    Direi, e com igual voz e sentido:
                    Um dia virà o dia em que jà não
                    Direi mais nada.
                    Quem nada foi nem è não dirà nada.


                    Quando ero giovane, dicevo a me stesso:
                    Come passano i giorni, a giorno a giorno,
                    E niente di ottenuto o progettato!
                    Più vecchio dico, con ugual fastidio:
                    Come, uno dopo l'altro, i giorni vanno,
                    Senza nulla di fatto e nulla nell'intenzione!
                    Così, naturalmente, invecchiato
                    Dirò, e con ugual voce e senso:
                    Un giorno verrà il giorno in cui ormai
                    Non dirò più niente.
                    Chi niente fu né è non dirà niente.
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